Porque castigar não é bom?
- Inês Marques
- 3 de nov. de 2019
- 3 min de leitura
Hoje foi este o tema entre as mães da equipa de futebol do meu filho João de 13 anos. Entre muitas coisas que falámos, houve desabafos e muitas questões, uma delas que ficou por metade a resposta. "Porque castigar não é bom?" Perguntou-me uma das mães. Ao qual eu respondi que castigar fere a autoestima da criança. Não mais acrescentei porque as mulheres atropelam-se umas às outras quando começam a falar!! [coisas de mães com uma necessidade extrema de desabafarem o que se passa com os filhos!]
Castigar fere a autoestima dos nossos filhos e não só!
"O meu filho não estudou!" E não estudou fez o quê? "Esteve a jogar na playstation!" E quais são as necessidades que o meu filho está a preencher quando está a jogar playstation?; "O meu filho portou-se mal na escola! "Que necessidades estão em falta para ele precisar de chamar a atenção na escola?
Estes comportamentos revelam que alguma necessidade está por preencher. Se olharmos com “olhos de detetive” em vez de julgarmos os comportamentos dos nossos filhos e formos extremamente curiosos, certamente descobriremos que eles estão apenas a procurar preencher necessidades da melhor forma que sabem.
Se em vez de castigarmos e darmos sermões, que não têm nada de educativos e não promovem nem a conexão nem a boa relação entre pais e filhos, muito antes pelo contrário, não ajudam a criança/adolescente a sentir-se melhor , fizermos um conjunto de perguntas?
"Quando o meu filho me apresenta os maiores desafios, o que observo?"
"Que necessidades está ele a comunicar?"
"Em que tipo de situações vejo que o meu filho está bem? (quais as necessidades preenchidas?)"
"O que é que o meu filho gosta de fazer? Que necessidades preenchem essas atividades?"
"De que forma tenho satisfeito, ou não, as principais necessidades do meu filho?"
Já castiguei e às vezes castigo. [Nem tudo é perfeito aqui em casa!] Já acreditei que era a melhor solução. Hoje tenho a certeza que não é. Por aqui não há castigos, há consequências que são conversadas. Por aqui, queremos praticar o Igual Valor e não nos podemos esquecer que a criança tem desejos, opiniões, necessidades com o mesmo valor que as nossas e, por isso, não as devemos desvalorizar. É esse o nosso lema.
Quando os nossos filhos estão a jogar na playstation estão a preencher um conjunto de necessidades: [Experiência e novidade], qual não é jogo de ação que não oferece isto? [Reconhecimento e Significância] sempre que uma "batalha" é ganha o nosso filho é reconhecido pelos outros. [Segurança e Conhecimento] Ao estarem a jogar sentem-se seguros, estão no espaço deles, estão no mundo deles. [Conexão e Pertença] Estão conectados com o outro e pertencem a um grupo. Por isso, passam horas a jogar!
Porque não conversar com os filhos sobre como querem gerir o tempo deles e dar-lhes responsabilidade sobre as suas tarefas? A que horas queres estudar? Queres jogar antes ou depois? Que tempo queres despender para cada uma das atividades? Quanto aos comportamentos desafiadores podemos questionar: Tenho estabelecido conexão? Tenho estado presente? O facto de estarmos presentes e/ou estabelecermos conexão com os nossos filhos, amando-os incondicionalmente, tendo confiança neles, reconhecê-los é meio caminho andado para a resolução de alguns desafios e promove uma autoestima saudável. Confesso que ainda tenho momentos em que deixo de ser uma mãe consciente e Está Tudo Bem!

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