Já castiguei e às vezes castigo.
Já acreditei que era a melhor solução. Hoje tenho a certeza que não é.
Quando uma criança é birrenta, chorona, inquieta, desafiadora está simplesmente a dizer-nos "eu não estou bem". Estes comportamentos revelam que alguma necessidade está por preencher. A criança sabe apenas comunicar através do seu comportamento. Cabe-nos a nós de olhar com “olhos de detetive” e descobrir qual a necessidade que está por detrás dessa atitude. Se olharmos para estes comportamentos como reveladores da solução, passamos a olhar as birras e outros desafios com mais compaixão. Também nós quando estamos chateados comunicamos através de comportamentos: o corpo fica mais curvado, a cara fechada, … entre outros.
Será que castigar é a solução? Eu tenho a certeza que não. Não é pôr de castigo que vai eliminar a necessidade da criança. Se ela tiver sono, não vai deixar de ter sono. Se ela quiser atenção do adulto, não vai deixar de querer atenção que deseja. Apenas vai agravar o comportamento.
Quando te zangas com o teu companheiro, tu castigas? Imagina que sim. O castigo poderá ser ficar sem o telemóvel, por exemplo. O que vai ele sentir? Qual será a reação dele? Porque castigamos as crianças e não os adultos? Pois é, se queremos praticar o Igual Valor não nos podemos esquecer que a criança tem desejos, opiniões, necessidades com o mesmo valor que as nossos e, por isso, não os devemos desvalorizar.
O meu maior desafio não é em casa. Por aqui não há castigos, há consequências que são conversadas. Mas em sala de aula é tão difícil satisfazer 23 necessidades. Este ano letivo raramente castiguei e quando o fiz foi porque eu já não tinha recursos para satisfazer uma e outra necessidade. Nesses dias a frustração quis ocupar a minha mente mas eu trouxe a compaixão e sosseguei o meu coração. Às vezes é tão difícil. O que eu gostava mesmo é que todos olhássemos para os comportamentos desafiadores como a solução de um problema que possa existir.
Satisfazer os desejos/caprichos ou as necessidades? Fica a questão para a próxima!
